Madureira:

No início do século XIX, o Rio de Janeiro, recém alçado à condição de sede do Reino, era fracamente povoado em seu interior, o chamado "sertão carioca". Esta região era composta por grandes propriedades rurais. Uma dessas fazendas era a do Campinho, situada na Freguesia do Irajá. Era proprietário da fazenda o capitão Francisco Ignácio do Canto, e arrendatário um boiadeiro de nome Lourenço Madureira. Com a morte do capitão, iniciou-se uma disputa judicial entre o arrendatário e a viúva do proprietário, Rosa Maria dos Santos, a qual saiu perdedora. Lourenço Madureira deteve a propriedade do imóvel até falecer, em 16 de fevereiro de 1851. Do desenvolvimento da fazenda surgiu a semente do que viria a se tornar no bairro de Madureira. Até essa época, o acesso àquelas paragens era feito a cavalo. Somente em 1858 é que os trilhos da Central do Brasil chegaram à região, mas a estação mais próxima era a do bairro vizinho, Cascadura. Foi preciso esperar até 1896 para que se construísse uma estação no local, a qual recebeu o nome de Madureira em homenagem ao boiadeiro. No ano de 1914 surgiu o primeiro clube de futebol da região, o Fidalgo Futebol Clube, que mais tarde daria origem ao Madureira Esporte Clube. Em 1916 os bondes a tração animal começaram a ser substituídos por bondes elétricos, processo que somente foi concluído em 1937. Nesse ínterim, foram criados os blocos carnavalescos que vieram a dar origem às três escolas de samba da região. Na década de 60 foi construído o Viaduto Negrão de Lima, à época o maior do município.
Madureira é um centro comercial que possui vários estabelecimentos, dentre os quais destaca-se um cuja história se confunde com a do próprio bairro: o Mercadão de Madureira, no início uma grande quitanda de hortifrutigranjeiros. As origens do assim chamado "Mercadão" remontam à República Velha, quando em 1914 foi inaugurado o Mercado de Madureira, ponto de venda de produtos agrícolas que mudou de sede em 1916 e passou por uma ampliação em 1929. No ano de 1959, o Presidente Juscelino Kubitschek inaugurou o novo Mercadão de Madureira, no local onde se encontra até hoje (Avenida Ministro Edgard Romero). Como reflexo, o bairro passou a ser um dos maiores arrecadadores de ICMS da cidade. A concorrência que passou a enfrentar por parte da CEASA motivou a diversificação de produtos vendidos por suas 650 lojas. No dia 15 de janeiro de 2000 o Mercadão sofreu um incêndio que danificou boa parte de suas instalações, tendo sido recuperado posteriormente e reinaugurado a 5 de outubro de 2001.
Madureira é a sede da XV Região Administrativa (R.A.), compreendendo também os bairros vizinhos de Bento Ribeiro, Campinho, Cascadura, Cavalcante (Rio de Janeiro), Engenheiro Leal, Honório Gurgel, Marechal Hermes, Oswaldo Cruz, Quintino Bocaiúva, Rocha Miranda, Turiaçu e Vaz Lobo. A XV R.A., por sua vez, está subordinada à Subprefeitura da Zona Norte, com sede em Guadalupe. Na qualidade de centro de serviços, Madureira dispõe de diversos estabelecimentos de saúde e instituições de ensino. O comércio do bairro conta com várias lojas, com várias galerias comerciais e com o Madureira Shopping e, ainda, com uma das maiores fábricas cariocas de biscoitos, a Piraquê.
Por causa das duas linhas de trem da Supervia que o atravessam, o bairro é dividido em três partes. Os trens que por ali passam vão do Centro da cidade para o bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste, e para os municípios de Paracambi e Belford Roxo, ambos na Região Metropolitana. No bairro estão situadas as estações de Madureira e do Mercadão de Madureira, esta anteriormente chamada de Magno. Além dos trens, Madureira também conta com várias linhas de ônibus que o ligam a diversas localidades do Grande Rio. O bairro não dispõe de estação de metrô. As principais vias são: Avenida Ministro Edgar Romero - Estrada do Portela - Rua Conselheiro Galvão - Rua Carolina Machado - Rua João Vicente - Rua Padre Manso - Viaduto Negrão de Lima - Rua Domingos Lopes.
Além do Madureira Esporte Clube e do Social Atlas Clube, têm sede em Madureira duas das maiores escolas de samba do Carnaval carioca: a Império Serrano e a Portela. O bairro foi cantado em verso e prosa por diversos intérpretes da MPB, tendo ficado famoso na voz de Clara Nunes e de Paulinho da Viola. Embora a batucada siga firme, o mesmo não se pode dizer das artes cênicas. A exemplo do que ocorreu em outros locais, os teatros de Madureira perderam espaço para os cinemas de rua e estes para os de shopping center, os quais, hoje, constituem-se numa das maiores opções de lazer da comunidade local. No aspecto religioso, a Igreja do Santo Sepulcro, que até a década de 70 era um mosteiro de freis franciscanos, é um dos atrativos da região, juntamente com a Capela de São José da Pedra.
Apesar de não fazer parte do roteiro turístico carioca tradicional, os visitantes da Capela de São José da Pedra, construída entre 1901 e 1904 e reconstruída em 1931, são brindados com uma visão panorâmica da região. Mas não sem antes vencerem os 366 degraus da escadaria construída na década de 30. Segundo a tradição, um grupo de caçadores subiu o morro para buscando se abrigar da chuva. Lá encontraram uma imagem de São José em cima de uma pedra. Ao interpretar o fato como um milagre, iniciou-se a devoção ao local onde foi erguida a capela. Reza a tradição que ao chegar ao alto de um morro na região de Mardureira, para se abrigar da chuva, um grupo de caçadores encontrou uma misteriosa imagem de São José sobre uma pedra em fins do século XIX. A escadaria somente foi construída em 1978, facilitando o acesso. Os fiéis que freqüentam a igreja gostam de lembrar que ela tem um degrau a mais do que a famosa escadaria da Igreja da Penha, no bairro da Penha. A Grande Madureira, que é composta por diversos bairros, como: Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro, Marechal Hermes, Turiaçu, Campinho, e outros, conta com um fórum de discussão e de desenvolvimento Social, econôminco e cultural que é a Câmara Comunitária da Grande Madureira.
O "Centro Cultural Jongo da Serrinha" realiza atividades de ensino e exibição do jongo. Este ritmo afro-brasileiro, considerado um dos ancestrais do samba, é praticado em rodas de dança de umbigada. A comunidade da Serrinha é conhecida, além do jongo, pelo "bondinho da Serrinha", um meio de transporte montado sobre um plano inclinado que liga o Morro da Serrinha ao seu sopé. Embora seja apenas um meio de transporte, chama a atenção por ser incomum.